quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Início das gravações nas nações de maracatu

Nessa semana que passou realizamos as primeiras gravações nas nações de maracatu. A equipe de pesquisa realizou uma parceria com o músico, pesquisador e produtor musical Alfredo Bello, que possui vasta experiência em gravações de grupos de cultura tradicional. As gravações foram realizadas por meio de uma unidade móvel de estúdio com equipamento essencial e necessário para captar o som dos batuques e loas com qualidade. Nossa intenção é visitar 18 nações de maracatus e registrar seus baques e loas.Cada nação teve a oportunidade de gravar entre 10 a 15 loas sendo que uma delas será escolhida para compor o CD com a coletânea dos maracatus-nação de Pernambuco a ser lançado após o término da pesquisa. Cada nação também irá receber o material completo resultante do dia de gravação para que possam, caso queiram, produzir um CD a partir disso.

No dia 28 de agosto no período da tarde fizemos a gravação da nação Encanto da Alegria, no bairro da Mangabeira. Os maracatuzeiros nos aguardavam em peso para o início do trabalho. Assim que o equipamento foi montado o batuque do Encanto da Alegria fez um arrasto da sede da nação até a frente da sede do Mangabeira Futebol Clube, onde seria realizada a gravação. Sob a regência do mestre Toinho, mais antigo mestre de maracatu-nação em atividade, quinze batuqueiros tocaram e cantaram as tradicionais loas de maracatu. A batucada juntou muitos vizinhos e curiosos ao redor além de outros maracatuzeiros que dançavam e ajudavam a cantar as loas, como Clóvis, o presidente da nação.






No dia seguinte, 29 de agosto, a tarde gravamos o baque da Nação Estrela Brilhante de Recife. A gravação foi realizada no pátio da sede da nação, localizada no Alto Zé do Pinho. Na sede fomos recebidos pela rainha Marivalda, mestre Walter e mais alguns maracatuzeiros. Após algumas subidas e descidas de ladeiras o equipamento estava pronto e a gravação poderia iniciar. O batuque realizou um breve aquecimento antes da gravação começar, aquecimento este que já empolgou as pessoas que assitiam tudo. Quando tudo já estava pronto a rainha Marivalda fez um breve discurso, agradeceu a presença de todos e o trabalho começou. Os dezenove batuqueiros tocavam e cantavam atentos aos comandos de mestre Walter. Ao fim dos trabalhos, mestre Walter dedica a última loa à memória do falecido mestre Luís de França, mestre do antigo Leão Coroado. Ele diz que a referida loa era a primeira que Luís de França puxava e também havia sido a primeira que Walter havia aprendido. Com o término dessa loa a equipe de pesquisa recolheu seu material, mas a festa não se encerrou na sede do Estrela Brilhante já que os batuqueiros, mesmo sem a nossa presença, continuaram batucando.






Ainda no dia 29 no período da noite fomos até Afogados para realizar a gravação das loas da nação Oxum Mirim. Essa foi a nação que apresentou o maior número de batuqueiros para a gravação, ao todo fomos recebidos por trinta batuqueiros. A juventude do batuque também nos chamou a atenção. A rainha Carmelita, mestre Levi e outros maracatuzeiros também compareceram em peso. Os pesquisadores da equipe aproveitaram o tempo em que o equipamento de gravação era montado para conversar com os maracatuzeiros, fotografar o local e observar a dinâmica do grupo. Por volta das 19 horas a gravação começou e só se encerrou às 21h30. Como em todas as nações que visitamos até agora, não faltou empolgação e animação por parte dos batuqueiros, maracatuzeiros e curiosos que assistiam o evento. O trabalho foi longo mas valeu a pena, mais uma nação teve suas loas registradas.






Na mesma semana gravamos também as nações Leão de Judá, Estrela Dalva e Nação de Luanda.

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