Realizamos na terça-feira dia 24 de agosto a primeira reunião semanal da equipe de pesquisa. Assim que chegamos discutimos a respeito das impressões que tivemos na primeira ida a campo. Falamos sobre as diferenças no modo de passar os conhecimentos da cultura popular, no caso o batuque, observadas nos maracatus Raízes de Pai Adão e Cambinda Estrela. Enquanto um grupo trabalha com um modelo de transmissão de saber mais escolar, tentando estabelecer uma forma de escrita musical visando facilitar a aprendizagem o outro transmite o saber pela forma popular, baseada na oralidade e na experiência vivida. É importante salientar que não acreditamos que uma forma seja melhor que a outra, mas consideramos interessante perceber como grupos que a princípio trabalham com a mesma linguagem, que são compostos por pessoas com vivências parecidas desenvolvem diferentes modo no fazer e transmitir a cultura, articulam de maneira diferente com as ferramentas que lhes são fornecidas pela sociedade. Essa diversidade é percebida não só na transmissão do saber como também em outras esferas dos maracatus-nação como a religiosidade. Na ida a campo observamos que a religiosidade é algo importante para todos os grupos visitados mas a articulação simbólica realizada entre as esferas do sagrado e do profano também varia de grupo para grupo. Uns procuram salientar mais a religiosidade e fundamento em seus discursos, outros dão mais ênfase a outros aspectos da manifestação mas para todos eles a religião é algo fundamental nos maracatus, tratando-se assim de um valor. Consideramos pertinente também buscar uma explicação para a importância que esses grupos dão a memória da escravidão que foi por vezes mencionada.
Na reunião também organizamos o cronograma de gravação das loas das nações a serem inventariadas. Iremos dispor de um estúdio móvel que nos acompanhará a todas as sedes durante o fim do mês de agosto e início de setembro. Planejamos os procedimentos referentes a organização das gravações e aos detalhes a serem resolvidos no dia. Nossa coordenadora profa Isabel Guillen nos passou dicas importantes sobre a escrita do diário de campo e técnicas básicas de fotografia já que todos os pesquisadores deverão escrever seus diários e fotografar as idas a campo de modo independente.
Por fim delegamos tarefas a cada um dos pesquisadores e ficamos de nos encontrar novamente no sábado, 28 de agosto na sede do Maracatu-Nação Encanto da Alegria para o primeiro dia de gravação.
